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CARTA ABERTA AOS FILIADOS DO

PARTIDO DOS TRABALHADORES DE TEÓFILO OTONI

 


Caros Companheiros e companheiras de Partido, Paz e Bem!
É com grande pesar, que venho até cada um de vocês comunicar-lhes que continuaremos amigos de luta, mas não de Partido. Eu acabo de DESFILIAR-ME DO PARTIDO DOS TRABALHADORES.


Dos meus trinta e poucos anos de filiação no PT, 27 destes foram dedicados como membra do diretório, sendo por 02 mandatos presidente do mesmo.
Nestes 27 anos vi e vivi coisas maravilhosas, mas vi e convivi com muitas atitudes e coisas nojentas, que em nada condiziam com o nosso belo ideal de partido.
Se de um lado, fomos nos tornando grandes e aos poucos superando os preconceitos e resistências da sociedade para com os nossos propósitos e ideais, fazendo brilhar a nossa estrela por todo o Brasil, inclusive aqui na nossa cidade e possibilitando ao povo conhecer e experimentar em sua vidas as mudanças e melhoria da qualidade de vida promovidas pelo nosso partido, de outro fomos nos apequenando por ir tornando-nos iguais aos outros, fazendo qualquer coisa pelo poder, negociando o projeto por cargos e mandatos, usando os vícios e os esquemas corruptos do poder político brasileiro para garantir a governabilidade, trocando a democracia interna do partido pelo mando dos caciques donos de mandatos.

 
São os vereadores, deputados, senadores, governadores, presidente da república e as pequenas executivas que há muito tempo mandam e desmandam no partido. Os filiados são meros instrumentos utilizados de acordo aos interesses destes mesmos líderes. Enfim, estamos vivendo uma profunda crise ética na sociedade que atingiu em cheio o Partido dos Trabalhadores também. 


Leonardo Boff, em um de seus artigos desta semana, fala do abatimento e da decepção dele e de Frei Beto com os rumos que o partido vem tomando e disse que “ o PT antes de fazer qualquer coisa nova, deve fazer a auto-crítica pública e correção humilde dos erros cometidos. Diz ainda que foi pela imoralidade, pela falta de amor ao povo e pela ausência de conexão orgânica com os movimentos sociais” que o PT pecou e começa a perder o rumo.


Como filiada e membra do diretório em todos estes anos, estou certa de que o PT não conseguirá fazer esta auto-crítica pública e correção humilde, bem como por não acreditar numa retomada do PT às suas origens e pelo desejo profundo de continuar sendo representante de um grupo político que entende “ a ética como um conjunto ordenado de princípios, valores e das motivações últimas das práticas pessoais e sociais, bem como o caráter e o modo de ser de uma pessoa ou de uma comunidade”( Boff 2003), é que vou continuar contribuindo com a política fora do PT.
“Vivemos uma grande crise mundial de valores e isso dificulta, para a grade maioria das pessoas, a distinção entre o que é correto e o que não é. Esse obscurecimento da ética redunda numa insegurança e permanente tensão nas relações sociais e tendem a se organizarem ao redor de interesses particulares e não ao redor do direito e da justiça”( Boff 2003), e assim está se tornando cada dia mais o PT, que aos poucos vem abdicando de lutar pela “ Grande Política para se entregar à pequena política.


Eu não desistirei de acreditar na política e caso eu não consiga encontrar um partido que preencha os critérios éticos que eu acredito, que por sinal , hoje não existe, e o PT conseguir retornar às suas origens, eu não terei vergonha de fazer a minha auto crítica e pedir a minha refiliação no Partido dos Trabalhadores.


Hoje eu não estou vendo luzes e não quero ser conivente com os erros sistemáticos das direções e das lideranças do partido aqui e em todo o país.

 “Se não houve frutos, valeu a beleza das flores;
Se não houve flores, valeu o frescor das sombras;
Se não houver sombras, valeu a intenção das sementes”! ( Henif)
Obrigada pelos sonhos e lutas travados juntos nestes anos!
Vamos continuar juntos nas encruzilhadas da vida, com certeza!


Teófilo Otoni, 24 de maio de 2015.
Joana Alves Louback

 

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