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As teofilotonenses, a prostituição e outras violências "que se calam".

 

O ônuns da prostituição feminina recai sobre as mulheres enquanto os prostitutos (usuários do serviço) são suportados pela sociedade.

Citar a prostituição em Teófilo Otoni, focando todas as suas modalidades não é novidade para ninguém. A prostituição existe, desde sempre, em todos os níveis de relações e em todas as camadas sociais. Apesar dessa verdade incontestável, VOX Comportamento aceitou, provocado pelas recomendações de alguns leitores, a tarefa de reportar este assunto, condicionando-se, todavia, a debatê-lo nos limites da cidade.

 

Em Teófilo Otoni, a prostituição resiste apesar das denúncias que, aliás, nem são tantas assim. Que se diga, denúncia nenhuma. E esse silêncio se deve ao fato de as autoridades reconhecerem um enorme grau de dificuldade em se caracterizar o crime cometido. Desde a prostituição infantil tão fortemente debatida e enfrentada pela saudosa Irmã Zoé – de que, aliás, nem se fala mais - até a prostituição assumida por mulheres e homens (menos estes) como meio de vida, todas as variáveis da profissão mais velha do mundo podem ser verificadas em nossas instâncias sociais. Portanto, prostitutas que cobram desde cachês insignificantes até as “operárias do sexo de luxo” que recebem valores consideráveis podem ser facilmente detectadas em nosso meio. Deste modo, mulheres de “vida fácil” demarcam seus espaços, atuando em algumas esquinas de Teófilo Otoni ou quase invisivelmente acomodadas dentro dos segmentos sociais mais comemorados

Também é comum em Teófilo Otoni falar-se muito em prostituição velada, abafada dentro de empresas grandes e pequenas, onde, sobretudo moças sujeitam-se às imposições sexuais de chefes e patrões para se manter no seu emprego. Ainda que haja uma forte resistência a esse tipo de concessão que, outrora era bastante recorrente, a verificação segue sendo nem tão remota assim. Ou seja, há, sim, patrôes que cobram e recebem dividendos sexuais para garantir o emprego de mulheres dentro de seus negócios. E se há concessão sexual para ganhos que extrapolem o campo do prazer e do sentimento, está, pois, caracterizada, segundo  alguns especialistas ouvidos pelo VOX, uma forma sucinta de prostituição. Esta prática, todavia, faz-se acompanhar de outra natureza de crime: assédio sexual ou moral. Portanto, prostituição e formas grotestas de assédio caminham muito proximamente, misturando-se quase sempre. 

Dentro dos lares teofilotonenses, lares de “gente boa”, inclusive, há casos, sim, de trabalhadoras domésticas que também vêem-se obrigadas a esse tipo de concessão (e muitas fazem-na), reforçando a vocação predadora e criminosa daqueles que geram oportunidades de trabalho. Não é difícil ouvir em meio às mulheres que buscam uma oportunidade de trabalho o claro condicionamento que alguns empregadores fazem para a admissão ou para a manutenção da pessoa em seu quadro de funcionários. Embora nada aconteça, já que na maior parte dos casos, nenhuma denúncia seja gerada, fervilham casos de mulheres jovens que são inexplicavelmente demitidas por não terem feito as concessões esperadas por seus empregados.

 

Por mais que isso pareça uma prática antiga, e é, esta prática é mais atual do que nunca. E ela sobrevive, como afirmam estudiosos do fenômeno, graças à decisão das mulheres vitimadas de não procederem à denúncia, evitando constrangimento e exposição pública dos nomes dos envolvidos. Mulheres ouvidas pelo VOX afirmam que a impunidade também é outro fato que inibe  uma ação mais contundente das mulheres assediadas. Assim, as mulheres assediadas dentro de lares e dentro de empresas, ou cedem e corroboram com a formalização da prostituição, ou simplesmente pedem contas e vão para a estatítica das assediadas que não denuciaram. 

Ajude o VOX a debater este tema, deixando abaixo a sua opinião:

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